Marrocos: conheça mais sobre o destino autêntico e exótico

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Por Ana Carolina Melo (Matéria publicada na edição nº 823 do Brasilturis Jornal)

Banhado em grande parte pelo Oceano Atlântico e uma pequena fatia pelo Mar Mediterrâneo, Marrocos fica no extremo noroeste do continente africano. Basta cruzar um trecho de uma hora de ferry boat, atravessando o Estreito de Gilbraltar, para se chegar ao sul da Espanha.

Desde 1999 sob o reinado de Maomé VI, o país é de maioria muçulmana e só se tornou reino em 1957. Até então, estava sob o domínio francês o que justifica o idioma como segunda língua falada, depois do árabe. Mas, nas famosas áreas comerciais, os vendedores arriscam espanhol, inglês e até português para não perder as vendas.

Estima-se que 99% dos muçulmanos que vive no país é sunita, sendo que apenas 0,1% é de origem xiita. O outro 1% inclui cristãos, judeus e baha’i (religião monoteísta que enfatiza a união espiritual de toda a humanidade). A grande maioria é adepta do Islã e tem o hábito de rezar cinco vezes ao dia: antes do sol nascer, ao meio-dia, durante a tarde, depois do pôr do sol e à noite. Nos horários de oração é comum ouvir pelas ruas o chamado vindo de grandes alto-falantes instalados nos minaretes das mesquitas.

Tradicional venda marroquina

Marrocos é, sem dúvidas, um daqueles lugares para visitar antes de morrer. A cultura peculiar e a variedade de oferta turística atraem visitantes de todo o mundo, especialmente os europeus, que chegam aos montes devido à proximidade. As paisagens variam de deserto a montanha de neve, a cultura milenar rica e preservada são os destaques. Além, é claro, da gastronomia exótica que merece um capítulo à parte.

Nesta viagem, realizada com exclusividade pelo Brasilturis, conhecemos os principais atrativos das cidades de Fez, Marraquexe e Ouazazarte, com uma passagem breve por Casablanca. O destino é o ponto de partida para explorar o país, já que é lá que pousa o voo direto da Royal Air Maroc que sai de São Paulo (SP). O trajeto é percorrido em nove horas.

Casablanca

Mesquita Hassan II, em Casablanca
Mesquita Hassan II, em Casablanca

Às margens do Atlântico, a cidade ficou famosa com o premiado filme norte-americano de 1942, que tem o mesmo nome. É lá que fica o Rick’s Café, estabelecimento inaugurado em 2004 para dar vida ao filme imortalizado por Humphrey Bogart e Ingrid Bergman. Vale lembrar que, apesar de ser a maior cidade do Marrocos, a capital do país é Rabat.

A visitação é rápida, porém necessária para conhecer a mesquita Hassan II, um dos principais pontos turísticos antes de ir para Fez. A construção erguida em homenagem ao antecessor e pai do rei Maomé VI é a segunda maior do mundo, com capacidade para receber até 100 mil fiéis, somando o pátio e a sala de orações. A mesquita fica na margem do Atlântico e seu imponente minarete de 200 metros pode ser visto a quilômetros de distância.

Fez

Curtume Chouwara, com 300 tanques de tingimento do couro
Curtume Chouwara, com 300 tanques de tingimento do couro

Casablanca fica a três horas de carro de Fez, mas também há opções de ligações aéreas ou por trem. Para conhecer bem o destino, a dica é reservar dois dias inteiros na cidade. Um deles deve ser dedicado apenas para caminhadas ruas do centro histórico, onde fica a medina Fez El Bali, antigo centro murado e repleto de comerciantes.

O espaço é um verdadeiro labirinto construído na época da fundação da cidade, no século IX. As ruas estreitas são tão confusas que se perder é normal, o que te obriga a conhecer quase todo espaço até conseguir sair. O mais aconselhável é sempre contratar um guia para ajudar a economizar tempo e dinheiro. Sim! Faz parte do costume local dar gorjeta por informação recebida.

Bab Boujloud

Na entrada da medina, destaque para a Bab Boujloud (Porta Azul), uma imponente obra que separa a parte nova da cidade. Ali dentro, fica instalado o icônico curtume Chouwara, com 300 tanques de tingimento do couro. O cheiro é tão forte que na entrada são entregues ramos de hortelã para ajudar a amenizar. A foto do lugar é um clássico e há muita oferta de artigos em couro feitos a mão e vendidos no local.

Aliás, pelas ruas estreitas da medina, se vende de tudo: comidas típicas, roupas, souvenier, pashminas, tapetes e objetos de metal, como lamparinas e porcelanas. A produção é totalmente artesanal e preserva os moldes milenares de confecção manual dos produtos. Por ali também fica a Universidade Al Quaraouiyine,  datada do século IX, que abriga a biblioteca mais antiga do mundo em atividade. O acervo inclui quatro mil livros raros e manuscritos árabes. A entrada é permitida apenas para muçulmanos.

Nas medinas estão à venda alguns dos mais cobiçados produtos do Marrocos, tapetes e luminárias confeccionados manualmente
Nas medinas estão à venda alguns dos mais cobiçados produtos do Marrocos, tapetes e luminárias confeccionados manualmente

“Riad” é uma palavra que você vai ouvir muito, em referência a casas ou palacetes que ficam dentro de uma medina, nos centros históricos de Marrocos. A arquitetura se difere por elas serem fechadas para o exterior e terem um pátio central no interior, normalmente com um jardim ou fonte ao centro. Conheça o conceito almoçando no Dar Bensouda, restaurante que fica dentro de um charmoso hotel Riad. A comida é típica marroquina, simples e deliciosa. Outro Riad que merece visita é o La Maison Bleue, hotel que conta ainda com uma ótima localização.

Túmulos da disnatia Merenidi, em Fez

No tour pela cidade, conheça a região dos Túmulos da Dinastia Merenidi, localizados no alto de uma colina. De lá, é possível ter a vista panorâmica da cidade e uma compreensão melhor de sua construção. Visite também o Palácio Real, conhecido como Palácio das Sete Portas que correspondem aos sete dias da semana – todas feitas à mão com as cerâmicas coloridas típicas do país. Como ele ainda é usado pela família real, não é possível conhecer o interior. Mas a vista externa é válida.

Marrocos é um paraíso para os amantes de cerâmica, mas dizem que as mais famosas são as produzidas em Fez. Na loja de fábrica Poterie de Fes, além da infinidade de produtos à venda, é possível conhecer todo processo de produção manual. Desde a confecção das pecinhas com martelos, preparo do barro, desenho  e a queima das peças. Os preços não são tão acessíveis, mas certamente são bem mais em conta do que o valor de revenda mundo a fora.


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Marraquexe

É a mais famosa de todas as cidades – e também a mais agitada e lotada de turistas. Por isso, muitos consideram Fez mais tradicional e com a cultura mais preservada.  Marraquexe tem um ar de grande metrópole, com boa variedade de hotéis internacionais, spas resorts e cassinos. É o único lugar onde dá para se jogar na balada, já que a venda e consumo de bebidas alcoólicas é proibida nos demais  estabelecimentos marroquinos.

Tudo tem maiores proporções, inclusive a medina. Comece o passeio pela praça El Fajid que concentra o cenário mais emblemático. É lá que ficam os chamados souks, uma espécie de feira livre. É uma confusão de gente que mescla turistas, vendedores, hipnotizadores de cobras, tocadores e carruagens – tudo junto e misturado.

Praça El Fajid
Praça El Fajid

Há vendedores de joias, roupas, comidas típicas, produtos de belezas e até dentaduras, onde tudo parece um formigueiro. Mas, atenção, na hora da compra: a dica é nunca aceitar o primeiro preço. Na maioria das vezes, se você perguntar quanto custa, eles vão questionar quanto você quer pagar. Depois disso, dificilmente sairá de mãos abanando, já que os vendedores são muito insistentes.

Alguns lugares são imperdíveis como o Jardim Secreto, um oásis no meio da medina. O jardim é lindo e muito bem preservado, ideal para descansar, contemplar a vista e tomar café ou chá no terraço. Visite o Museu de Confluências Culturais ou Dar El Bacha, localizado em uma mansão que costumava abrigar o Paxá de Marraquexe – “paxá” era o equivalente a um governador na nomenclatura otomana. O espaço abriga peças históricas que definem a identidade marroquina e sua arquitetura em paredes de mosaico é de uma riqueza impressionante.

Jardim de Majorelle e Yves Saint Laurent

Contrastes de cores e diversidade botânica no Jardim de Majorelle e Yves Saint Laurent

O espaço é um colírio para os olhos em meio a tanta agitação na cidade. São cerca de três mil espécies de flora espalhados por uma área de quase dez mil metros quadrados. Por 40 anos, pertenceu ao pintor Jacques Majorelle que tinha verdadeira paixão pelo lugar. Depois de sua morte, em 1962, a ideia era construir ali um complexo hoteleiro.

Em 1980, Yves Saint Laurent e seu companheiro, Pierre Bergé, adquiriram o local para mantê-lo preservado. A área se tornou a Fundação Jardim Majorelle, subsidiária da Fundação Pierre Bergé – Yves Saint Laurent. O casal não só revitalizou o local como também transformou o ateliê do antigo proprietário em um museu aberto ao público, rebatizando a antiga casa como Villa Oásis.

As cinzas do estilista, morto em 2008, foram espalhadas no roseiral e foi instalado um memorial com uma coluna romana e placa com homenagem póstuma. Em 2010, a princesa Lalla Salma, esposa do rei Maomé VI, inaugurou no local a exposição permanente “Yves Saint Laurent e Marrocos”. Não à toa, o jardim é um dos atrativos mais famosos do país, com cerca de 600 mil visitantes anualmente.

Ouzazarte

O percurso entre Marraquexe e Ouzazarte é de quase 200 quilômetros que são percorridos em quatro horas de carro. A estrada acompanha o aclive de montanhas, o que requer cuidados redobrados. Mas é fácil se distrair com a as paisagens desérticas que acompanham o caminho e são especialmente fascinantes durante o outono e o inverno.

Nesta época, a temperatura cai a cada quilometro rodado, mas com presença garantida do sol e do céu azul. Durante o trajeto, é possível ver o monte Atlas coberto de neve. É possível – e recomendável – fazer pausas pela estrada para tomar um café e garantir a compra de cosméticos à base do famoso óleo de Argan, produção de origem marroquina que faz sucesso entre as mulheres.

Ouzazarte na linguagem berbere significa “sem barulho”. A cidade fica a 1.200 metros de altitude no Alto Atlas, sul de Marrocos, a caminho do deserto do Saara.

Passeio de camelo no entorno de Kasbah

O cenário inspirador, a luz perfeita, a vastidão de espaço e a arquitetura natural fazem da cidade um estúdio cinematográfico natural, vocação que foi descoberta pelos empresários de Hollywood (EUA).

Há complexos de gigantescos montados para gravações de filmes como “Ali Baba e os 40 ladrões”, “Gladiador”, “Asterix e Obelix”, “Cleópatra” e “Lawrence da Arábia”, além de episódios da série “Game of Thrones”, entre muitos outros. No estúdio Atlas e no Museu do Cinema é possível ver boa parte dos cenários e equipamentos da época que fazem parte do acervo ao qual o visitante tem acesso.

Imperdíveis também são as atrações originais do local, em especial os Kasbah, construções fortificadas típicas do povo Berbere, usadas para permitir à população se abrigar de guerras, tempestades de areia e qualquer outra possível ameaça. No centro de Ouarzazate fica o Kasbah de Taourirt, considerado o mais bem conservado do Marrocos.

Outra dica é conhecer a antiga medina no bairro de Tassoumaat. Localizada no alto de uma colina, vale o esforço da caminhada até lá em cima. A vista é linda e, entre vielas e ruínas, há muitas lojinhas com produtos locais. Na volta, aproveite para fazer um passeio de camelo – é divertido e muito seguro. O percurso pode ser de 30 ou 60 minutos e custa entre 200 e 500 dihans. Lembre-se sempre de pechinchar.

Tempero e aroma

Comida típica marroquina

A culinária mescla influências dos ingredientes originários de povos nômades do deserto, árabes, bérberes, ibéricos e franceses. Imagine um cardápio bem perfumado e condimentado com açafrão, hortelã e muitas especiarias? A gastronomia marroquina lembra um pouco a indiana, mas não é tão picante.

O cuscuz é a primeira receita que nos vem à mente. Entretanto, ao contrário do que se pode imaginar, o preparado não é tão comum nos restaurantes. A base é de muitos vegetais cozidos, feijões branco, lentilha, tagines cozidos e carnes de cordeiro e frango feitos em panelas de barro. Tudo vem sempre acompanhado por pães, alimento muito respeitado e consumido no país. Para se ter uma ideia da importância, é proibido jogar pão fora! Os restos e as sobras são utilizados para alimentar o gado.

A população do Marrocos é apaixonada por chá, bebida que é consumida antes e após as refeições. Estima-se que o país seja o maior importador de chá chinês do planeta. O mais popular é o chá-verde com menta, em que as folhas são quebradas e ficam em repouso por alguns minutos. O modo de servir também é bem característico, com um movimento de sobe e desce com o bule de onde o chá cai sobre o copo com uma boa distância – dizem a manobra serve para esfriar a bebida.

Informações importantes

Moeda e gorjetas: A moeda oficial é o dirham marroquino (pronuncia-se Dirrã) e é aconselhável fazer o câmbio no aeroporto local ou em hotéis de bandeiras internacionais. O dólar e euro também são bem aceitos no comércio. Na conversão, R$ 1 vale 3 dirhams; US$ 1 = 9,5 dirhams e € 1 euro = 11 dirhams.

Carregue sempre muitas moedas ou notas menores para as gorjetas, você vai usar muito. A gratificação é dada até mesmo para usar banheiros na rua, pedir informações e tirar fotos.

Transporte

A melhor forma de circular pelo país é pela malha ferroviária que liga as principais cidades do país. Também há opções de empresas de receptivos com carros ou vans, acompanhados por guias que falam inglês ou espanhol.

Clima

No verão, a temperatura sobe muito e pode chegar  a 40ºC, com sensação seca. Aproveite as manhãs, pois costumam ser mais frescas. No inverno e no outono, as temperaturas são mais amenas, o que torna o período ideal para visitar as cidades mencionadas. O melhor período para viajar é entre março e maio e de outubro a novembro.

Quem leva

A Royal Air Maroc tem voos diretos, cinco vezes por semana partindo de São Paulo e Rio de Janeiro. Agaxtur, Flot e Françatur, entre outras, oferecem pacotes para as agências de viagens brasileiras.

Dica de hospedagem

Fez:

Fes Marriott Hotel Jnan Palace: www.marriott.com

Riad La Maison Bleu

Marraquexe:

Hotel Palmeraie Golf Palace – www.palmeraieresorts.com/en

Ouzazarte:

Le Berbere Palace – www.hotel-berberepalace.com

Dica de restaurantes

Casablanca:

Lagon Bleu – www.valdanfahotel.com

Fez:

Dar Bensouda – www.marrakech-riads.com/table-dhoels-dar-bensouda

Riad La Maison Bleu – www.maisonbleue.com

Marraquexe:

Ksar El Hamra – www.restaurant-ksarelhamra.net

Dar Rhizlane – www.dar-rhizlane.com

Le Palace – pt-pt.facebook.com/lepalacemarrakech


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